Capelão Ateu?

fonte: http://www.militarcristao.com.br/cpl.php?acao=texto&id=653

No final de abril passado saiu em notícia do jornal The New York Times*, uma reportagem no mínimo curiosa. Segundo ela, há mais de 3 mil capelães que ministram às necessidades espirituais e emocionais das tropas de militares estadunidenses da ativa, cuja vasta maioria é de cristãos, e com alguns judeus, muçulmanos, budistas, hindus e até adeptos da Wicca. E questiona: agora, um capelão ateu?

Há uma agremiação nos Estados Unidos, a Associação Militar de Ateístas e Livres-Pensadores, que se reúne para distinguir a assistência a dar ao que - segundo dizem - é um grupo numeroso por lá. Outro grupo é o de Militares Ateus e Humanistas Seculares (MASH, em inglês), que solicitou apontar ao exército de lá um líder ateu para atuar junto ao Forte Bragg. Capelães estadunidenses que servem nesse Forte se mostraram perplexos, alegando que os militares ateus não são um grupo de fé, e sim um grupo sem fé.

Os militares ateus alegam que, embora o proselitismo por parte dos capelães seja proibido, a crença cristã invade a cultura militar, criando pressão sutil para que não cristãos se convertam.

Outro aspecto abordado pelos militares ateus foi o fato de ter havido apoio institucional a um evento evangelístico promovido pela Associação Evangélica Billy Graham no Forte Bragg, denominado "Agitando o Forte" (Rock the Fort). O apoio foi garantido com investimento financeiro e recursos humanos para a realização do evento. Em resposta, eles querem realizar um evento de natureza humanista secular, trazendo, entre os presentes, o escritor Richard Dawkins, autor do polêmico "Deus, um delírio".

Um dos seus membros, o sargento Griffith, de 28 anos de idade, foi cristão durante sua juventude, e hoje ostenta o ateísmo como preferência religiosa, dizendo que apoia a ideia de soldados religiosos precisarem de suporte religioso de capelães religiosos, mas que há uma linha tênue entre dar apoio a soldados religiosos e promover religião.

Nosso comentário ocorre no sentido de afirmar a posição de respeito entre crentes e não crentes, em que um grupo não tem de se sobrepor ao outro, sendo a Força, Armada ou Auxiliar, composta de nacionais de todos os matizes e preferências religiosas, na qual não deve haver preconceito de qualquer espécie. O serviço de assistência religiosa nas Forças Armadas, de quem fala a Constituição da República, é dado a quem quiser, não como algo imposto. Cabe, entretanto, ao capelão cristão mostrar a todos, crentes e não crentes, a importância de se viver um bom testemunho, realizar um bom trabalho, e com isso não provocar divisão, mas demonstrar que vale a pena seguir a Jesus, dentro e fora de uma unidade.

Num momento em que parece que o mundo está cada vez mais humanizado, e que ocorre proselitismo de todos os lados, o capelão militar protestante deve fazer com que as unidades enxerguem seu papel de auxiliar nos assuntos espirituais e emocionais, anunciando o Evangelho mais com sua vida do que com eventos ou folhetos. Ademais, que nele deve haver um espírito de excelência e cooperação, a despeito de tantas denominações, para que os contrários à fé cristã não tenham o que ponderar sobre sua atuação na caserna.

*DAO, James. Atheists Seek Chaplain Role in the Military. The New York Times. New York, EUA, 26 abr. 2011. Disponível no hipertexto <http://www.nytimes.com/2011/04/27/us/27atheists.html>. Acesso em 08/05/2011.